Capela de S. Tiago
A atual Capela de S. Tiago foi outrora uma Igreja Paroquial, precisamente no tempo em que teve a sua existência a antiga Paróquia de S. Tiago de Moldes.
Esta Paróquia, deveras antiga, vem já mencionada no Censual do Bispo D. Pedro, sinal de que já existia nos finais do século XI. Nos inícios do século XIII, ou mais precisamente, no ano de 1220, ela vem igualmente referida nas Inquirições de D. Afonso II, como tendo um pároco (o abade Pedro Gonçalves) e dez vizinhos, que afirmaram possuir esta Igreja as suas searas. Tinha um pároco, tinha paroquianos e tinha, certamente, uma Igreja, edificada no estilo próprio daquele tempo.
Três séculos mais tarde e em virtude do movimento de reestruturação da diocese Bracarense, decretada pelo concílio de Trento e levada a efeito por D. Frei Bartolomeu dos Mártires, a Paróquia de S. Tiago de Moldes é extinta em 1566 e é incorporada na Paróquia de Santa Marinha de Remelhe.
Na data da sua extinção a Igreja de S. Tiago, até então Igreja Paroquial, passa a Capela de S. Tiago, que, desde então, é capela pública. A sua dimensão, a sua disposição interior e a sua estrutura externa mantiveram-se pelos anos fora. Apenas um ou outro pequeno trabalho de manutenção foi realizado, depois de determinado pelo visitador canónico da Paróquia de Remelhe, sem contudo afetar a sua estrutura arquitetónica.
Nos inícios do nosso século, a Capela de S. Tiago voltou a sentir a presença constante e o calor espiritual da comunidade cristã. Foi durante o exílio de D. António Barroso, em Remelhe, entre os anos de 1911 a 1914. Foi efetivamente nesse período de tempo que o grande bispo do Porto fez da Capela de S. Tiago a sua catedral para nela celebrar, em liturgias solenes, dezassete ordenações gerais, durante as quais conferiu vários ministérios de Prima Tonsura e de Ordens Menores, muitas ordens de Subdiácono e de Diácono, e sessenta e quatro ordens de Presbítero (sacerdote) a sessenta e três candidatos da diocese do Porto e a um da arquidiocese de Braga.
Para todas estas ordenações a Capela de S. Tiago fez as vezes de Catedral, recebeu a presença de um bispo credenciado, deixou-se imbuir da solenidade própria de uma ordenação geral e abraçou uma multidão de fiéis a testemunhar o seu cristianismo autêntico.
Hoje a Capela de S. Tiago mantém a estrutura física e religiosa de uma Igreja Paroquial de meados do século XVI, com a sua capela-mor e o seu corpo principal unidos por um arco redondo, e com a sua pequena sineira colocada no alto e na frente do telhado, mesmo ao cimo da porta principal. É um dos poucos exemplares de uma Igreja Paroquial de meados do século XVI a subsistir numa zona rural.
Santa Marinha (nossa Padroeira)
Virgem e mártir de Antioquia, Santa Marinha tem culto documentado na Península Ibérica pelo menos desde meados do século IX (854).D. António Barroso - Ilustre Bispo Missionário
D. António José de Sousa Barroso nasceu na freguesia de Remelhe, do
concelho de Barcelos, a 5 de Novembro de 1854, e faleceu no Porto, a 31 de
Agosto de 1918. Seus pais representavam um casal de gente da lavoura sem
grandes recursos para dar uma educação superior ao seu filho. De modo que, só
aos 17 anos de idade, foi matriculado no Seminário de Braga, e daqui transferido
a 3 de Novembro de 1873 para o Real Colégio das Missões Ultramarinas de
Cernache, onde se ordenou presbítero, em Setembro de 1879. Foi missionário
cientista em Angola e em Moçambique. O seu relatório de 1894, sobre o «Padroado
de Portugal em África» patenteia o valor da sua ação como bispo missionário.
Em 1899, será bispo do Porto. Em 1911, quando foi dada a conhecer a «Pastoral
do Episcopado Português», em que se afirma desacordo com alguma Legislação do
Governo, reaviva-se a luta anti-clerical. Os governadores civis proíbem a
leitura dessa pastoral e, por desobediência a essa proibição, são presos dezenas
de párocos. E o próprio bispo do Porto foi preso e levado, sob custódia, a
Lisboa. Sempre afirmando a determinação apostólica, D. António Barroso
conhecerá depois o exílio, de onde só voltará em 1914, para, afinal, voltar a
ser exilado em 1917. Deixou alguns escritos, sobretudo relatórios missionários,
e o livro «O Congo», tido como um trabalho da melhor literatura.
Freguesia de Remelhe - evolução histórica
Atualmente, Remelhe conta uma área total de 612 Ha, com uma população
de 1309 habitantes, alojados em 465 edifícios. A agricultura, a industria
têxtil, o calçado e a construção civil são as principais atividades económicas
desta freguesia.
Geograficamente está situada na encosta Poente do Monte de Remelhe ou Monte
Grande, confronta a Norte com as freguesias de Alvelos e de Gamil, a Poente com
Midões e Santa Eulália de Rio Covo; a Sul com Carvalhas e Góios e a Poente, com
Pereira. Dista 6,5 Km da sede de concelho.
Economicamente, a freguesia possui características marcadamente rurais onde
como já foi referido acima a agricultura, a industria têxtil, o calçado e a
construção civil são as principais atividades económicas desta freguesia, em
que na agricultura predomina a produção de vinho, gado bovino e leite.
REMELHE,
orago Santa Marinha, vem do genitivo Remiculi do nome próprio latino
Remiculus, diminutivo de Remus.
Foi incorporada nesta freguesia a freguesia de Moldes, que Ihe ficava ao sul.
Moldes, orago Santiago, deriva da palavra latina modulas (1).
Nas Inquirições de 1220 vem com a designação “De Santo Jacobo de MoInes”, nas
Terras de Faria. Nelas se diz que os homens de Vilar pagavam voz e calúnia e
dão vida (2) ao Mordomo e ainda o seguinte: “Est de ista collatione dant pro
fossadeira (3) IIIj. bracales v. cubitos et duas partes de uno cubito. Est
isti homines forarii vadunt ad castellum”.
O Real Padroado apresentava Cura nesta freguesia até que, pela criação do
Colégio dos Padres ]esuítas em Braga, passou essa faculdade para este colégio,
tomando então o pároco o titulo de vigário.
Ainda existe a sua igreja Matriz, no lugar de Santiago; é pequena, baixa e de
arquitetura simples, denotando porém grande antiguidade. Voltada ao poente, tem
sobre a sua porta principal urna sineira com seu sino. Dentro, no lugar
próprio, está urna curiosíssima pia batismal, muito antiga, em granito lavrado.
O altar-mor é de bem lavrada talha renascença e os tetos, tanto os da Igreja
como os da Capela-Mor, são de castanho com caibros descobertos.
Tirando o pavimento, todo em inestético cimento, o seu conjunto, ainda que
pobre, é artístico e ao contempla-la, na sua vetustez, parece urna veneranda
velhinha enfeitada com seus limpos e bem conservados trapinhos.
Nesta capela, antiga Igreja Paroquial, conferiu por vezes ordens sacras o santo
bispo do Porto D. António Barroso, quando do seu exílio da diocese.
Ao norte, um pouco afastado, estava o Cruzeiro Paroquial, do qual apenas
existe a base e a coluna de construção tosca.
Dizem que aqui foi solar dos Moldes, família antiga, senhores da Honra de
Carcavelos, na próxima freguesia de Góios, antecessores ou ligados por parentesco
com os Góios, que, diga-se de passagem, são diferentes dos Gois, cujo solar é
na Beira.
A freguesia de Santiago de Moldes uniu-se à de Santa Marinha de Remelhe em data
que ignoro (4).
Esta última também era do Real Padroado, passando na mesma ocasião da de
Santiago, para a jurisdição do Colégio de S. Pedro e S. Paulo, ou dos
Apóstolos, da Companhia de Jesus em Braga.
Os seus párocos, ainda que algumas vezes fossem tratados por Abades, eram
geralmente conhecidos por Vigários, tomando o titulo de Reitores só depois de
1852.
Vem esta freguesia também nas Inquirições de 1220 com a designação – “ De
Sancta Marina de Remelí ” nas Terras de Faria. Nelas se diz que o rei não
tem aqui reguengo e que “ de ista ecclesia dant de foro domino Regí pro
censuría j. lenzo; et abbas solus dixit quod dominus Rex Alfonsus, qui
modo regnat, quitavit íllium pro anima sua, sed quamvis non habet inde cartam”.
A antiga Igreja Matriz desta freguesia era um pouco mais ao norte da atual e
foi reformada á fundatis e colocada no sitio onde está no ano de 1725, por
iniciativa do seu pároco José da Silva Fonseca, com donativos dos fregueses.
A Sacristia e Capela-Mor foram construídas à custa dos Padroeiros em 1726.
Em 1788 fez-se a torre, ao lado direito da fachada, sendo nela colocados os
sinos que estavam em um torreão de madeira.
O altar-mor é em bela talha dourada, estilo barroco, e os tetos em caixotões
pintados. Estes foram feitos depois de 1777, como se vê do Livro dos Capítulos
desta freguesia.
No pavimento da Igreja, ao centro, existe urna sepultura rasa, cuja tampa de
pedra tem a seguinte inscrição: -- Sª D. R. P. JOSEPH. D. SILVA FONC.ª QUE
COMPROV... SEM anos 17. Algumas das letras, gastas pela ação do tempo, já se
não lêem. A Residência Paroquial, ao poente e em frente à igreja, foi
construída em 1752.
O Cruzeiro Paroquial está no largo em frente ao Cemitério e é pequeno, baixo,
nada tendo de notável.
Tem esta freguesia três capelas:
A Capela de Santiago, sita no lugar de Santiago, foi a antiga matriz da
freguesia de Moldes e hoje é capela pública. Por ameaçar ruína em 1839
fizeram-se nela obras de pedreiro, carpinteiro e caiador.
A Capela do Senhor dos Passos, erigida ao lado da estrada, no cruzamento desta
com a Avenida que dá acesso à Igreja Paroquial, com esmolas dos seus devotos,
foi cedida à Junta da freguesia em 1867. Esta capela, onde se alberga a imagem
do Senhor dos Passos, é pequeníssima, tendo em frente um alpendrezinho de
quatro colunas. Na base da cruz que se ergue sobre o telhado tem a data 1869.
Capela de Santa Cruz que alveja no extremo da freguesia, na encosta do monte, é
de construção humilde; tem sobre a sua porta principal a seguinte inscrição :
-- SANTA. CRVS. Por cima da fresta, aberta ao lado daquela porta, tem a data --
1842 e do outro, no sitio onde devia ter a outra fresta, vê-se urna lápide com
a seguinte inscrição -- A. FESTA. HE. NO. PR.º DOMINGO DE JVNHO. Dentro, no
soalho, tem uma abertura feita em forma de cruz e cercada de grades de ferro,
para indicar o sitio onde aparecem na terra a cruz que deu causa a ereção desta
capela.
Ao poente e pouco distante dela existe o cruzeiro, há pouco tempo reformado e
todo revestido de cimento, onde vão as procissões no dia de festa.
Tem esta freguesia os seguintes Nichos ou Alminhas: o de Remelhe, ao lado
da estrada, e o dos Paranhos, junto à antiga estrada real de Famalicão a
Barcelos, perto do Perdigão.
A Confraria do Sacramento foi Instituída em 1726 e funciona na Igreja Matriz. O
Cemitério Paroquial tem sobre o seu portão a data 1887.
Foi acrescentado em 1927, alargando-se para a frente, para dar lugar a
construção da capela monumento a D. António Barroso.
É esta uma linda e característica ermidazinha de aldeia, com seu alpendre em
colunas de granito; dentro tem altar em que se pode dizer missa e ao centro uma
mesa de pedra, onde assenta a urna funerária que contém o corpo deste santo
bispo.
Foi mandada construir, conforme o projeto do distinto arquiteto senhor J.
Marques da Silva, por uma comissão organizada pelo sr. Dr. Bento Carqueja,
Diretor do diário “O Comércio do Porto”, e com o produto de uma subscrição
aberta para esse fim.
Neste cemitério vêem-se vários jazigos de famílias, dos quais destacaremos
apenas dois: o de D. António de Sousa Barroso, mandado por ele fazer em 1899 e
o da família da Casa de Torre de Moldes, em forma de capela.
Por cima da porta tem este a seguinte inscrição: “A Saudosa Memória de F. A. de
Brito Limpo” e ao lado outra que diz assim: “A. D. Gonçalves, construtor, R.
Saraiva de Carvalho 240, Lisboa. Mármore de Cerca de Santo António de
Estremoz”.
Está esta freguesia situada na encosta poente do monte de Remelhe, ou Monte
Grande, e confronta pelo norte com a de Alvelos e a de Gamil, pelo nascente com
a de Midões e a de Santa Eulália de Rio Covo, pelo sul com a das Carvalhas e a de
Góios, e pelo poente com a de Pereira e a de Alvelos.
E servida pela Estrada Municipal, que de Barcelinhos, lugar do Areal, comunica
com a de Barcelos às Fontaínhas, e segue até às Carvalhas onde se bifurca para
Silveiros, Chorente e Góios.
E servida ainda por um travesso que desta estrada passa pela Escola e dá
comunicação com aquela Estrada de Barcelos ás Fontaínhas, no alto das Portelas
em Pereira.
Em 1927 foi aberta a Avenida da estrada até á Igreja Paroquial.
Nasce nesta freguesia, no sitio de Campelos, o ribeiro dos Amiais que vai
desaguar no Cávado, lugar de Mereces, freguesia de Barcelinhos.
Tem as seguintes fontes públicas: Igreja, Tanque, Felgueiras, Cachada,
Sobreiro, Quintão, Lama, Bouça, Rio, Amiães, Vilar, Portela (Fonte Velha),
Portela (Fonte Nova), Casal ou Braziela, Barrouco, Ribeirinho, Remelhe,
Santa Marinha, Santa Cruz, Prado, Branco, Pedro e Campelo.
A sua população no século XVI era de 48 moradores (Moldes 23 e Remelhe
25); no século XVII era de 70 vizinhos; no século XVIII era de 85 fogos; no
século XIX era de 493 habitantes e pelo último censo da População é de 629
habitantes, sendo 275 varões e 354 fêmeas, sabendo ler 91 homens e 36 mulheres.
Esta população está distribuída pelos seguintes lugares habitados: Outeirinho,
Santiago, Casa Nova, Vilar, Lama, Quinta, Sobreiro, Portela, Igreja, Torre,
Bouça, Gaiteira, Cachada, Moldes, Paranhos e Felgueiras.
Tem Escola Oficial para ambos os sexos, que funciona em edifício próprio.
Este tem na frontaria, voltada á estrada, a seguinte inscrição - ESCOLA.
FUNDADA. POR. DOMINGOS. GOMES. FERREIRA. DA. COSTA. 1894.
O seu comércio é exercido principalmente em quatro lojas ou vendas, havendo
ainda nesta freguesia vários negociantes por junto de gado lanígero e caprino.
A sua indústria está reduzida a engenhos de serrar madeira e algumas moendas.
As casas mais importantes desta freguesia são: a da Torre de Moldes, a de
Morais, a da Fonte, a de Santiago, a de Vilar, a da Torre, a do Lapreiro, a dos
Penedos, a da Vessada, a do Cruzeiro, a da Casa Nova, a de Paranhos, a Quinta
do Vale e a da Portela.
No lugar de Moldes, junto á casa onde nasceu, mandou construir o saudoso bispo
do Porto D. António Barroso uma modesta habitação onde viveu alguns momentos de
descanso, que foram poucos, e os longos dias de exílio da sua diocese.
Foi esta freguesia berço e deu guarida. a homens Ilustres. Mencionaremos
alguns.
Manuel da Silva Fonseca, natural da freguesia de Santa Eulália de Rio Covo,
senhor da Casa da Torre de Moldes nesta de Remelhe pelo seu casamento com D.
Isabel de Mariz, criou á sua custa urna Companhia de Auxiliares de que foi
Capitão, servindo com ela na defesa das fronteiras nas guerras da aclamação.
P.e José Silva Fonseca, natural desta freguesia, e seu pároco durante muitos
anos. Por sua iniciativa fizeram-se obras na Igreja Paroquial em 1726.
“A crónica da Província da Soledade”, Parte I, Iivro IV, cap. V n.º 32 a folhas
297, refere-se a este pároco de Remelhe, dando-o como um dos subscritores para
a Capela do Senhor da Fonte da Vida no Convento da Franqueira.
O Dr. José Valério Pereira da Fonseca, natural desta freguesia, senhor da Casa
de Morais, Juiz de Fora em Figueira de Castelo Rodrigo, Desembargador da Relação
do Porto, 1792, Corregedor da Comarca da Guarda (1803) Superintendente Geral
das Munições de boca para as tropas da Província do Mingo, etc.
O Dr. João Nepomuceno Pereira da Fonseca e Silva Veloso, irmão do antecedente e
senhor da Casa de Torre de Moldes, foi Juiz de Fora na vila da Mecejana (1778),
Ouvidor da Comarca de Barcelos (1809).
Casou em 3 de Julho de 1789 com D. Francisca Isabel Cabral Limpo Brito
Guerreiro de Aboim, da vila de Aljustrel. Preso quando estava na sua casa
de Remelhe pelas Ordenanças do couto de Capareiros, foi morto nos Arcos de
Valdevez em virtude de um tumultuoso Conselho de Guerra, após a invasão
francesa, acusado de jacobino, quando é certo que este ilustre Remelhense, pela
sua influência pessoal e no exercício do seu cargo, livrou a vila de Barcelos
dos vexames que às outras terras inflingiram os invasores.
Por sentença da Relação do Porto de 15 de Março de 1810, foi reabilitada a sua
memória, reconhecendo-se-Ihe naquela sentença as suas altas qualidades de
cidadão, amante da sua pátria e defendendo-a e prestando-Ihe valiosos serviços.
Domingos Gomes Ferreira da Costa, natural desta freguesia, adquirindo no Brasil
grandes haveres, dotou-a com um edifício para as suas escolas.
José Narciso da Costa Amorim, desta freguesia, escreveu em 1860 um
interessante e curioso livro sobre as obras da Igreja Paroquial e outros factos
importantes. Encontra-se o manuscrito na casa de Santa Marinha, e o titulo diz:
“feito por devoção e caridade de José Narciso da Costa Amorim”.
Francisco António de Brito Limpo, natural desta freguesia, senhor da Casa da
Torre de Moldes, assentou praça em 1853, foi promovido a Alferes de Engenharia
em 1857, a Tenente em 1859, a Capitão em 1871, a Major em 1880, a
Tenente-coronel em 1885 e a Coronel, posto em que faleceu, em 1890.
Muito considerado, deixou o seu nome ligado a um instrumento de precisão e a
várias obras importantes. Escreveu e publicou livros e vários artigos em
jornais.
Casou com D. Adelaide da Costa Brandão, faleceu em Lisboa em 8 de Abril de 1891
e jaz no cemitério de Remelhe, para onde foi trasladado o seu cadáver em 1893.
D. António José de Sousa Barroso, nascido nesta freguesia em 5 de Dezembro de
1854, frequentando o Colégio das Missões Ultramarinas do Cernache do Bonjardim,
ordenou-se de presbítero e foi missionar em África.
Missionário no Congo, 1880, foi bispo de Hymeria e Prelado de Moçambique, 1891,
bispo de Meliapôr, 1897, bispo do Porto, 1899, onde faleceu em 30 de Setembro
de 1918.
Trasladado o seu cadáver para Barcelos e daqui para o cemitério de Remelhe foi
inumado no jazigo por ele mandado fazer.
O jornal “O Comércio do Porto”, tomando a iniciativa da constituição de uma
Comissão e de uma subscrição pública, mandou erigir a Capela-monumento no cemitério
desta freguesia, para onde foi trasladado o corpo deste santo bispo em 5 de
Novembro de 1927, após solenes exéquias na Igreja Paroquial a que concorreram
vários bispos, muito clero e imenso povo.
E na freguesia que Ihe foi berço dorme o eterno descanso aquele que foi um
bispo modelar, um ilustre cidadão e um ardente patriota.
Ditosa pátria que tal filho teve !
Para atestar a passagem dos celtas por estas terras existiu em uma bouça, perto
da Capela da Cruzinha, um dólmen (5).
Esse monumento pré-romano foi vendido pelo proprietário do prédio a um pedreiro
que o rachou para esteios!
Há ainda perto do lugar da Portela o sitio denominado Anta, que pelo nome nos
faz lembrar a passagem por aqui daquele povo.
É no ponto mais elevado do monte de Remelhe, denominado os castelos, que os
povos das circunvizinhanças ainda vão no último dia do ano observar as têmporas
corno é costume dizer-se.
Acendem nesse lugar um facho de palha á meia noite desse dia para observarem
donde sopra o vento; desta maneira eles predizem se o futuro ano é seco,
chuvoso, etc.
E tão arreigados estão nesta crendice que é perigoso contradizê-los.
(1) P.C António O. Pereira - Trad. Popular, pág. 381.
(2) Vida, sustento, comida, refeição; umas vezes dava-se em cousas de comer já
guisadas, como caldo, leite, carne, etc. e outras em dinheiro ou cousas
comestíveis não cozinhadas - Viterbo Eluc. vol. II, pág. 268.
(3) Fossadeira, tributo que se pagava por não ter ido ao fossado, rasia que se
fazia nos campos inimigos para colher os frutos e ervagens não maduros.
Viterbo Eluc. vol.!, pág 3(30.
(4) Em 1527 ainda tinha vida independente, como se vê do Censo da População
daquele ano.
(5) Alexandre Herculano-Port. Mon. Hist. Inquiritiones.
(6) Informa-me o sr. B. Antas da Cruz que foi, em companhia do falecido Dr.
Ferraz examina-lo e que o achou perfeito.
In “ O CONCELHO DE BARCELOS AQUÉ E ALÉM-CÁVADO” – Teotónio da Fonseca (1948)
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